QUINTO DIA: Marabá e a BR 230 Transamazônica!



QUARTA-FEIRA, 03 DE JUNHO DE 2009.
A Transamazônica, Revisão das Motos e Expectativa pra começar a lama...
Destino: Marabá



Acordamos as 05h00.
Fui pra fora do quarto a ainda dava pra ver algumas estrelas no céu. Finalmente um dia sem chuva. Arrumamos as coisas, fomos tomar café, fechamos a conta do hotel e fomos pra balsa.

Bem, entre acordar e a balsa, o que acontece?

O NEVOEIRO!
Um baita nevoeiro sobre o rio Araguaia.
Entramos na balsa, posicionamos as motos as 06h40 e aí começa a canseira e a notícia.
A balsa só sai se o nevoeiro baixar! Não adiantou nada acordar cedo.
E o pior, as duas baslas anteriores saíram na boa.......

:o(

Chega "um figura" tocando um caminhão cegonha cheio de picapes Hilux. Tava trasendo as picapes prum cara que tinha arrematado todas num leilão. Estavam com alguns detalhes mas eram todas novinhas... jeitão de esquema montado mesmo...

Tenta manobrar e rala todo o chassi da cegonha num calombo na entrada da balsa... meio bração mas gente finíssima... conversamos muito e história pra caramba. Demos muitas risadas com ele, ajudou a passar o tempo.




Reparem no barquinho que leva as balsas por aqui, vejam abaixo.
E lotado de caminhões.


Bem, depois de 2 horas esperando, a balsa resolve sair. Chegamos a São Geraldo e tentamos ver se alguém podia regular as válvulas da Xt600 pois continua o barulho forte. Ninguém sabia mexer e aí resolvemos tocar pra Marabá.

O TRECHO PERIGOSO


Entramos no trecho perigoso e em alguns lugares encontramos algumas árvores caídas, como se fosse uma emboscada para os caminhoneiros pararem e serem assaltados. Passamos e tudo tranquilo.

A BR 230 TRANSAMAZÔNICA

Chegamos na Transamazônica!
Ao final da BR153 chegamos a São Domingos do Araguaia e pegamos a Transamazônica.
Trecho asfaltado, claro.


Agora vamos em direção a Marabá para procurar oficina para dar um trato nas motos, ver o que tá acontecendo com a moto do Sergião e trocarmos os pneus para os de lama.

Um pouco antes passamos pelo Batalhão de Operações Especiais do Exército onde na entrada tinha uma estátua de uma onça gigante.
Tentei parar as motos para tirar fotos e dois soldados com rifles e dedos no gatilho chegaram, um de cada lado, nos avisando que por ordens do major não podíamos fotografar. Pena pois o símbolo de nossa aventura não pôde ser registrado.

Chegamos em Marabá as 11h00 da manhã e na entrada um moto táxi nos ajuda a chegar até a concessionária Yamaha.

Chegamos na Concessionária e foi a festa. Em Marabá as motos fizeram sucesso.
Fomos muito bem recebidos na concessionária. Sergião fica um pouco mais aliviado pois agora podemos ver o que acontece com a 600.

A REVISÃO NAS MOTOS E PREPARATIVOS PRA TRANSAMAZÔNICA LAMA


XT 660R
A 660R já está com 8.500 Km e resolvo fazer a revisão dos 10.000: troca de óleo e filtro de óleo, lavagem geral, lubrificação, limpeza filtro de ar e troca dos pneus para os lameiros. Aproveito pra adesivar toda a moto com papel contact pra evitar de riscar agora nos trechos de lama já que as notícias não são das melhores lá pra dentro da Transamazônica.






XT600
Bem: limpeza geral, lubrificação, troca dos pneus para os lameiros e a notícia: Filtro de ar apodrecendo e folga no rolamento do guidão. As espumas de contorno do filtro estavam esfarelando e o filtro era bem velho. O Sergião fica doido pois tinha feito revisão em Porto Seguro e havia pedido pro cara trocar o filtro. A loja não tinha o filtro de ar então os mecânicos limpam bem e vedam o mesmo com bastante graxa.

Sergião fica mais e aliviado já que a bike agora tá na oficina. As válvulas são reguladas.


Deixamos as motos na concessionária e fomos procurar um Hotel, ficamos no Itacaúnas e conseguimos que o gerente deixasse as motos dentro da área da piscina durante a noite.

Piscina ?!
É isso mesmo, piscina, cerveja, petiscos e um belo descanso...rsrs.
Um pouco de conforto pois daqui pra frente vamos pra aventura na mata e lama.

Mesmo esquema, lavar as roupas no chuveiro e pendurar em tudo quanto é lugar pelo quarto.



QUARTO DIA: PALMAS > XAMBIOÁ: Notícias de assaltos à frente!

Terça-feira, 02 de junho de 2009.

A perigosa BR 153 Belém-Brasília, gasolina ruim, problemas na XT600 e Xambioá

Acordamos cedo 05h30.
Café da manhã reforçado, este estava bom mesmo. E pé na estrada.
Destino: Marabá e BR 230 Transamazônica.


CHUVA
Chegamos ontem com chuva e estamos saíndo de Palmas debaixo de mais chuva.
Aqui a roupa e a bota impermeáveis estão fazendo a diferença. Se vier pra cá de moto tem que investir numa roupa boa. Ajuda.

Nos perdemos um pouco hoje cedo em Palmas... rotatória pra cá e rotatória pra lá...
Como não abastecemos ontem a noite estamos procurando um posto.

Sergião abastece em um posto dentro de Palmas, posto meio estranho mas como demorou pra achar um, ele toca em frente. Não gostei muito do posto e decido tentar com a gasolina que está no tanque.

Paramos em uma portaria de um empresa e o vigia avisa que próxima cidade a 60 km, voltamos pela principal e fomos até um posto pra abastecer minha moto.

Decidimos continuar pela TO 010 para Lajeado e cruzar o Rio Tocantins para pegar a famosa BR 153 Belém-Brasília em Miranorte.

Cruzamos o Rio Tocantins perto de Miracema do Tocantins: primeira das várias balsas da viagem.


A FAMOSA e PERIGOSA BR 153!
Perigosa é pouco. Cuidado neste trecho.
Crateras enormes na pista e um ballet dos caminhoneiros pra desviar aqui a ali.
Perigoso pois eles enxergavam que estávamos vindo e mesmo assim nos fechavam do nada pra desviar dos buracos.

Pegamos um comboio de 3 caminhões cegonha... parecia um trem. Os dois atrás iam colados no primeiro e o que este fazia os 2 repetiam sem nem olhar pra pista, grudados um no outro.

Aparece um Astra vermelho e dois casais de jovens dentro.
Tento ultrapassá-los pela esquerda... e ele não deixa... primeira vez que pego este tipo na viagem.

Espero ele acelerar e ele dá uma brecada. Vou pela direita mesmo pois não consigo enxergar a estrada e fico com receio de pegar um buraco do nada e aí lá vai roda pro...

Ultrapasso ele meio entre o caminhão da frente e ele, fazendo um "S" e tentando acelerar. Ele acelera pra não me deixar passar... consigo e toco adiante.

De repente, mais adiante, quem resolve aparecer a forçar a entrada na frente da moto?

CONFUSÃO

Vejo um caminhão vindo na contra-mão e ele não vai conseguir acelerar para entrar entre a 660R e o caminhão à nossa frente.

O que ele resolve fazer?
Fechar a moto... claro!

Tava demorando pra encontrar o tipo "que se dane o motociclista"!

Ele força a entrada e vou parar no acostamento... acho que ficou envocado pela ultrapassagem que fiz lá atrás ou o cara é um f... da p... mesmo.

Fico "p" da vida, contorno o Astra pela esquerda e acerto o retrovisor dele.
Bem... atitude incorreta mas começa a disputa de nervos e força.

Chegamos a uma cidade pequena onde a rua principal passa só um de cada lado.
O Astra fica pra trás.

Mas acho que ele avisou a Polícia Rodoviária pois os guardas nos param pra documentos e averiguação.

A POLÍCIA RODOVIÁRIA

O Sergião para do lado e dá uma bronca daquelas. Cara... Ding... cê tá louco?
Deixa o cara pra lá... olha onde nós estamos?!

Ouvi, concordei... mas na hora não consegui meditar.

Fico na moto parado e o guarda se aproxima, acha estranho eu estar de bala-clava preta, recua, abre o coldre e com a mão sobre a arma pede para eu me identificar.

É HOJE!

Fico meio revoltado com a atitude do guarda e ele pede para que eu me identifique.
Entrego RG e documento da moto mas não tiro o capacete e nem desco da moto.

Ele pede pra eu tirar o capacete e a bala-clava e descer da moto.

Tiro com calma. Falo pra ele ficar tranquilo e ele vai pra guarita averiguar...
Sergião acompanha.



Vou pra garagem ao lado do posto policial e olha só o que encontro!
Uma Harley da Rodoviária IMPECÁVEL!
Galera, não tinha nenhuma sujeirinha e tava toda polida.



Bem, não foi bem assim... mas vou contar vai. O guarda pediu pra eu desmontar a moto para que ele pudesse revistá-la. Digo pra ele que demora de 1h a 1h30 pra desmontar e montar novamente.

Ele insiste a de forma meio grosseira.
Falo que até desmonto mas que ele irá ter que montar de volta... aí o cara ficou fera... falou que era desacato e que ele poderia me prender...

Falei pra ele que não havia motivos e que estávamos na boa viajando.

... bem ... deixa pra lá...

Tudo resolvido e tocamos adiante...



Paramos em Nova Olinda, ainda na BR 153, num posto de gasolina lotado de caminhoneiros, já perto de Araguaína, pra almoçar. Bandejão mesmo: arroz, feijão, arroz tropeiro, saladas, abóbora refogada e Coca-cola, e a dúvida: a garçonete ou a moça do caixa... rsrsr... disputa pra mais bonita do pedaço. Verdade... duas gatinhas no meio daquele posto cheio de caminhoneiros. Não é a toa que o posto tava lotado... rsrsr

PERIGO À FRENTE
Primeira notícia de assaltos adiante.
Dois caminhoneiros no posto sentam ao nosso lado e avisam que o trecho Xambioá até Marabá é perigoso no final de tarde/início da noite.



PROBLEMAS COM A XT600
Barulho no motor e vazamento de óleo.

Entramos em Araguaína e pegamos a TO 164 em direção à Xambioá ( A terra do faroeste ).
A estrada fica menor e a paisagem é bonita. Muitas fazendas de gado à beira da estrada.

A moto do Sergião começa a perder potência e a fazer um barulho forte no motor. Chegando perto parece que a relação está moendo... tem fumaça preta saindo pelo escapamento e um cheiro estranho.



Ele resolve acelerar pra ver se desentope e o barulho aumenta. Falo pra ele pra tocarmos adiante sem ultrapassar os 3.000 giros até encontrarmos a próxima cidade e ver se conseguimos ajuda.

Chegamos em Carmolândia e numa loja de peças verificamos que tem vazamento pelo bocal de entrada do óleo do motor, no quadro da 600. O rapaz nos dá um anel de borracha pra vedar e diz que são as válvulas batendo.

Começa a suspeita de gasolina ruim. Como a 660R é por injeção, acho que a eletrônica contornou o problema. Já o carburador da 600 não resolveu e começou a bater válvula e a soltar fumaça preta pelo escapamento. Completamos com um pouco de óleo e seguimos adiante em direção à Xambioá.



Chegamos a Xambioá as 16h30 e fomos para a fila da balsa.
A ídeia era forçar um pouco, atravessar a balsa e tentar chegar em Marabá ainda hoje.

Os caminhoneiros nos avisam pra não seguir adiante pois os assaltos no final de tarde são muitos e o trecho Xambioá até Marabá é perigoso.

Conversamos com mais um caminhoneiro e a notícia é a mesma.

Decidido: dormir em Xambioá.
Vamos andar pelo tal trecho perigoso logo cedo pela manhã.

No posto de gasolina ( dica: sempre procure por onde comer e onde dormir no posto de gasolina ) nos indicam o hotel Tomazini. Bom Hotel.
Paramos as motos dentro do estacionamento e agora é descansar pra amanhã cedo seguir para Marabá.



Final de tarde com pôr-do-sol maravilhoso à beira do rio Araguaia.
Agora é botar as bikes pra descansar tomar um bom banho e procurar algo para comer.



Saímos à noite sem capacetes para comer algo. Perto da balsa um garoto corre pra perto da minha moto e avisa... "Moço, coloca o capacete pois aqui os guardas não perdoam..." e o Sergião já no centrinho andando na maior, procurando o restaurante de frutos do mar... ou melhor, do rio.

Voltamos pro Hotel, pegamos os capacetes e fomos comer. Incrível, a cidade é minúscula e as ruas são todas de terra e o capacete é obrigatório. Em cada cidade é de um jeito.

Ficamos na picanha com xtudo mesmo. Não tivemos coragem de experimentar o peixe da região.

Sergião tá preocupado com a moto.
Vamos procurar uma concessionária Yamaha em Marabá pra ver o que acontece com a 600.

Voltamos pro hotel e agora é descansar pra amanhã chegar finalmente em Marabá e pisar na BR 230, a Transamazônica.

Vamos torcer!